O escritor Otávio Júnior, reconhecido nacionalmente, é vencedor do
prêmio Jabuti de Literatura Infantil 2020. Morador do complexo da Penha, no Rio
de Janeiro, onde nasceu e ficou conhecido por abrir a primeira biblioteca nas
favelas do Complexo da Penha e do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
O livro DA MINHA JANELA lhe rendeu o prêmio Jabuti de Literatura
Infantil e foi muito significativo porque ele trabalha com questões populares com
propósito social e de representatividade.
Quando o escritor Otávio Júnior tinha entre oito e nove anos de
idade viveu a primeira grande história da sua vida que tem reflexo até hoje e lhe
dá força. Ele encontrou um exemplar do livro Dom Gatô, de Maria Dinorah,
perto de um campinho, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio. E foi como um
conto de encantamento ambientado na favela. Num lugar inusitado, uma criança
encontra um objeto mágico. E esse contato o despertou para a Literatura e
outras artes, como teatro, cinema e história em quadrinhos.
Então, ele começou a frequentar a biblioteca da escola, foi
incentivado por uma professora e, depois, passou a visitar a biblioteca do
bairro, na Penha, dos bairros vizinhos e do restante da cidade. Ele virou um
caçador de bibliotecas.
E, de tanto ler, sentiu o desejo de também escrever. Escreveu
pequenas histórias, depois textos teatrais que apresentava em escolas da sua região.
Em seguida, descobriu os centros culturais, os espetáculos de narração oral e
os eventos literários de fim de semana nas livrarias.
E, assim, nasceu o seu projeto Ler é 10 — Leia Favela. Porque ele queria
compartilhar aquela vivência e democratizar o acesso ao livro nas comunidades.
Começou no Complexo da Penha e, em seguida, foi para o Complexo do Alemão. Atuou
por muitos anos na linha de frente da promoção da leitura e como militante das
bibliotecas comunitárias. E percebeu que as crianças das comunidades gostavam
de ler, porém elas não se viam nos conteúdos literários.
Por isso, o seu próximo passo foi criar a COLEÇÃO LÁ DO BECO, com
histórias infantis ambientados na favela. As crianças se identificaram de
imediato, tanto as daquele universo quanto as de fora. E o livro serviu como um
meio de conhecer um pouco mais a cultura das comunidades, sem o estereótipo
ligado à violência, à miséria e às outras questões negativas.
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